Folia de Reis é declarada patrimônio cultural
imaterial de Minas Gerais
Os foliões passam de casa em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e outras oferendas |
O
Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais aprovou hoje (6) o
reconhecimento da Folia de Reis como patrimônio cultural imaterial do estado. A
manifestação cultural e festiva, celebrada anualmente por católicos, ocorre
geralmente no dia 6 de janeiro. Esta data, na tradição cristã, marca o
aniversário da visita dos três reis magos ao recém-nascido Jesus Cristo.
Belchior,
Gaspar e Baltazar, convertidos em santos pela Igreja Católica, teriam saído do
Oriente se guiando por uma estrela e levavam três presentes: ouro, incenso e
mirra. Para os devotos, a data da chegada dos reis magos ao destino final é
quando se encerram os festejos natalinos, que começam quatro domingos antes do
25 de dezembro, dia atribuído ao nascimento de Jesus Cristo.
Dessa
forma, no dia 6 de janeiro são desarmados os presépios, as árvores e os demais
enfeites.
Desfiles
É também
nesta data que os católicos de algumas regiões do Brasil se mobilizam na Folia
de Reis, chamada ainda de Reisado ou Festa de Santo Reis, entre outros nomes.
Os participantes dessa manifestação cultural e festiva entoam diversas canções
e rezas em homenagem aos três viajantes santificados. Os foliões passam de casa
em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e
outras oferendas.
Em cada
local, há também particularidades, como encenações dos reis magos, desfiles,
danças, repertórios, instrumentos utilizados e roupas. Minas Gerais é um dos
estados onde a Folia de Reis mais se faz presente, resguardando uma tradição de
aproximadamente 300 anos.
Um
inventário do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais (Iepha-MG) realizado em 2016 cadastrou 1.255 grupos de foliões,
distribuídos em 326 municípios mineiros.
Origem
Este
inventário, que teve origem há pouco mais de um ano, ofereceu as bases para o
reconhecimento dos festejos como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.
"Foi
um levantamento amplo com o objetivo de entender a origem dessa tradição no
estado e também as transformações que ela sofreu, investigando como acontecia
no passado e como acontece nos dias atuais. O estudo se baseou nas narrativas
dos próprios participantes", informou Michele Arroyo, presidente do
Iepha-MG.
O estudo
cadastrou também manifestações que ocorrem em outras datas e que prestam outras
homenagens, como as folias de São Sebastião e da Virgem Maria. Muitos grupos,
porém, ainda não foram mapeados. A estimativa do Iepha-MG é que existam cerca
de 4 mil deles em Minas Gerais.
Políticas
públicas
Uma das
vantagens de serem considerados patrimônio cultural imaterial é a possibilidade
de obterem benefícios de políticas públicas. "É uma tradição da cultura
popular extremamente representativa e esse reconhecimento permitirá aprofundar
um trabalho de parceria entre o governo estadual e os grupos, construindo assim
uma política da salvaguarda das folias de reis", disse Michele Arroyo.
Ela
explicou que o trajeto das folias de reis costuma levar em conta os locais e as
casas onde foram montados presépios. Esta ano, o Iepha-MG incentivou a
instalação de presépios em edifício públicos em Belo Horizonte e em algumas
cidades do interior. Com o reconhecimento, este estímulo deve aumentar nos
próximos anos. O órgão pretende criar um calendário de presépios e folias, de
modo a aumentar a visibilidade e a divulgação.
O título
de patrimônio cultural imaterial poderá facilitar ainda o apoio do estado para
que os grupos comprem instrumentos musicais e confeccionem as roupas. O
Iepha-MG também pretende criar espaços de formação para fomentar a integração
das novas gerações, por exemplo, através de oficinas de canto e de instrumentos
musicais.
Edição: Armando Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário