Em discurso emocionado de despedida, Obama pede
união pela democracia
José Romildo -
Correspondente da Agência Brasil
O presidente dos
Estados Unidos Barack Obama fez um discurso de despedida na noite desta
terça-feira (9), em Chicago, a poucos dias de deixar o cargo após oito anos de
mandato. Durante quase uma hora de fala, Obama pediu aos americanos que se unam
para lutar contra os desafios que ameaçam a democracia norte-americana. Em um
discurso emocionado transmitido para todo o país, ele alertou o povo americano
que uma mudança nos rumos do país só ocorrem "quando as pessoas comuns se
envolvem para exigi-la". No próximo dia 20, Obama deixará a presidência
dos Estados Unidos. O presidente eleito Donald Trump assumirá no seu lugar.
Obama falou no
centro de convenções McCormick Place, o maior dos Estados Unidos, perante 20
mil pessoas. Em alguns momentos, os aplausos soaram tão alto que Obama teve de
interromper a fala e se esforçar para continuar.
O teor do discurso
de Obama focou mais no futuro do que nos feitos alcançados nos últimos oito
anos. Em alguns momentos, Obama lembrou conquistas alcançadas e disse que a
população ainda precisa superar os desafios raciais, políticos e econômicos
existentes. O presidente norte-americano disse que é possível vencer os
desafios. "Depois de oito anos como presidente, eu ainda acredito
nisso". E prosseguiu: "E não é apenas a minha crença, é o coração
palpitante da nossa ideia americana - a nossa ousada experiência de autogoverno".
Sobre as questões
raciais que ainda incomodam o povo norte-americano, Obama disse que houve um
progresso significativo nessa tema nas últimas décadas. Mas, segundo ele, esse
progresso não foi suficiente para superar todos os problemas. Obama defendeu
que acreditar na superação seria "irrealista".
"Temos de
defender as leis contra a discriminação, na contratação [trabalhista], na
habitação, na educação e no sistema de justiça criminal. Isso é o que exige
nossa Constituição e os ideais mais elevados. Mas as leis sozinhas não serão
suficientes. Os corações precisam mudar ", disse Obama.
Além da questão
racial, Obama citou a defesa dos direitos de outras minorias que vivem no país.
"Para negros e outras minorias, [nosso desafio] significa amarrar nossas
próprias lutas pela Justiça aos desafios que muitas pessoas neste país
enfrentam - não apenas os refugiados, os imigrantes, os pobres rurais, os
transgêneros americanos, mas também os de meia-idade. O homem branco, de fora,
pode parecer que tem todas as vantagens, mas ele viu seu mundo revirado por
mudanças econômicas, culturais e tecnológicas".
Obama falou também
sobre as desigualdades econômicas. "A desigualdade absoluta também é
corrosiva para nossos ideiais democráticos", disse ao criticar a crescente
separação entre ricos e pobres nos Estados Unidos. "Enquanto a parte
superior de um 1% acumulou uma maior parcela de riqueza e renda, muitas das
nossas famílias, nas cidades e municípios rurais, foram deixadas para
trás. O trabalhador de fábrica despedido, a garçonete e os
trabalhadores de saúde que lutam para pagar as contas - convencidos de que o
jogo é fixado contra eles, que seu governo serve apenas os interesses dos
poderosos - isso é uma receita para mais cinismo e polarização em nossa
política ", disse ele.
Ao citar suas
filhas e a primeira-dama, Michelle Obama, o presidente se emocionou e agradeceu
o apoio da família durantes os oito anos de mandato. Ele encerrou o discurso
repetindo a frase que o consagrou em sua primeira campanha eleitoral: sim, nós
podemos (Yes, we can).
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