Talude do complexo do Gongo Soco pode se romper até dia 25, diz ANM
Por Luciano
Nascimento - Repórter da Agência Brasil - A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou hoje
(20), que o rompimento do talude do complexo da Mina de Gongo Soco, da Vale, no
município de Barão de Cocais (MG), deve acontecer até o próximo sábado (25). A
barragem é do mesmo tipo da que se rompeu em Brumadinho, em 25 de janeiro.
Segundo a
agência, que interditou o complexo na última sexta-feira (17), o talude
norte da cava de Gongo Soco estava se deslocando 10 centímetros (cm) por ano
desde 2012, um deslocamento aceitável dada a dimensão da estrutura. "Mas,
desde o fim de abril, a velocidade do deslocamento aumentou para 5 cm por dia
e, se esta aceleração continuar, o rompimento do talude pode acontecer entre os
dias 19 e 25 de maio", alertou a assessoria da ANM em nota publicada nesta
segunda-feira (20).
De acordo
com a assessoria da ANM, dados da agência já indicam que, desde ontem (19), a
velocidade de deslocamento do talude já havia chegado a 7 cm por dia.
A ANM já
havia notificado a Vale e determinado que a empresa tomasse uma série de
providências emergenciais, entre elas a “suspensão imediata do tráfego do trem
de passageiros no trecho do viaduto localizado a jusante [fluxo normal da água
de um ponto mais alto para um ponto mais baixo] da cava; monitoramento por
vídeo em tempo real das barragens e também a apresentação de estudo de
comportamento da possível onda gerada pelo rompimento do talude norte.
Desde 2016,
a cava e todas as obras já estavam paralisadas. Segundo a ANM, o risco de
rompimento é do talude da cava e não da barragem, que fica a 1,5 quilômetro
(km) de distância da cava. A agência disse que a preocupação é que a vibração
gerada pelo rompimento do talude influencie na segurança da barragem Sul
Superior.
A barragem Sul Superior é uma das mais de 30 estruturas da Vale que foram
interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em 25
de janeiro. Em diversos casos, a interdição foi acompanhada da evacuação das
zonas de autossalvamento, isto é, aquelas áreas que seriam alagadas em menos de
30 minutos ou que estão situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros.
Atualmente, mais de mil pessoas estão fora de suas casas em todo o estado.
Barão de
Cocais
Barão de
Cocais é o município com o maior número de casas evacuadas. A evacuação teve
início no dia 8 de fevereiro quando a barragem Sul Superior atingiu o nível 2 e
as famílias foram levadas para quartos de pousadas e hotéis custeados pela
Vale. Em 22 de março, a barragem Sul Superior se tornou a primeira a atingir o nível 3,
que é considerado o alerta máximo e significa risco iminente de rompimento.
Desde a tragédia de Brumadinho, quatro barragens da Vale, em Minas Gerais, alcançaram esse alerta máximo.
De acordo
com a Defesa Civil de Minas Gerais, 443 moradores da zona de autossalvamento
deixaram suas residências. No dia 25 de março, um treinamento envolveu mais de
3,6 mil pessoas que vivem em áreas secundárias que seriam atingidas. Um novo simulado foi realizado neste sábado (18).
Recomendações
Com a
iminente ruptura do talude da cava, o Ministério Público de Minas Gerais
recomendou na semana passada que a Vale comunique, por meio de carros de som,
jornais e rádios, informações claras, completas e verídicas sobre a atual
condição estrutural da Barragem Sul Superior. Também orientou o fornecimento de
apoio logístico, psicológico, médico para moradores de Barão de Cocais e das
vizinhas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
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