Petrobras reajusta em R$ 0,10 litro do diesel nas refinarias
Por Vladimir
Platonow - Repórter da Agência Brasil - O presidente da Petrobras, Roberto Castello
Branco, anunciou aumento de R$ 0,10 por litro de diesel nas refinarias. Segundo
ele, a política de preços da estatal acompanhará a variação do combustível no
mercado internacional, mas a periodicidade dos reajustes não será imediata. O
valor do diesel subirá dos atuais R$ 2,14 para R$ 2,24, em média, nos 35 pontos
de distribuição no país.
Castello
Branco anunciou o reajuste em entrevista à imprensa às 18h50
desta quarta-feira (17), na sede da companhia, no centro do Rio. Ele
afirmou que nem o presidente Jair Bolsonaro sabia com antecedência do reajuste.
“Eu
confio muito no presidente Bolsonaro. Não houve interferência, por mínima que
seja. Não sofri interferência nenhuma, zero”, garantiu Castello Branco.
Ele
reiterou não ter havido qualquer ingerência do Executivo no adiamento
do reajuste do diesel, que chegou a ser anunciado na semana passada, mas depois
a companhia adiou o aumento.
“O presidente Bolsonaro não pediu nada. Apenas
me alertou sobre os riscos que representava uma greve dos caminhoneiros. Fiz
uma reunião com os diretores para suspender o reajuste de preços para uma
reavaliação. Todos nós sofremos com a greve dos caminhoneiros. Fui favorável a
sustar o reajuste dos preços”, contou o presidente da estatal.
Castello
Branco disse que o reajuste em R$ 0,10 nas refinarias não significa que o valor
será automaticamente acrescido nas bombas, pois o preço do diesel vendido pela
Petrobras representa apenas 54% do valor final do produto, ao qual é acrescido
margens de lucro das distribuidoras, das revendas, dos impostos e da
mão-de-obra.
“A
expectativa é que a variação na bomba seja menor que R$ 0,10”, disse ele, que
considerou baixo o risco de haver uma greve de caminhoneiros no país: “Não
existe eliminação de risco [de greve]. Sempre existe o risco. Acho que o risco
de uma greve é baixo”.
Periodicidade
Castello
Branco disse que a periodicidade dos reajustes nos preços do diesel, para cima
ou para baixo, em média a cada 15 dias, não será alterada e que pode ser até
mesmo superior, sendo que o último reajuste ocorreu há 24 dias. “A
periodicidade está mantida. Por exemplo, agora nós levamos 24 dias do último
reajuste. Nós não vamos fazer reajustes diários, eu sou contrário a essa
política.”
O
presidente da estatal disse que o maior interessado em que a Petrobras
tenha bons resultados é a própria sociedade brasileira, permitindo que o
governo tenha recursos para investir nas áreas sociais. “Eu sou
representante dos interesses dos acionistas. E quem é o maior acionista? É a
sociedade brasileira. Qual a minha obrigação? Produzir e gerar valor para a
sociedade brasileira. Gerando valor, vai proporcionar ao governo brasileiro
recursos para fazer investimentos na área social, para investir em saúde,
educação, segurança pública. É este o meu interesse. Eu não vou privilegiar um
grupo ou outro, preparando um subsídio para um, preparando um subsídio para
outro. Porque aí é que acontecem os problemas. Lembrem-se de 2011 a 2014.
Resultou em perda de US$ 40 bilhões, que impactou em todos nós brasileiros e na
falência de mais de uma centena de usinas de etanol."
Modelo de
governança
O diretor
Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Rafael Grisolia,
disse hoje (17), na capital paulista, que o modelo de governança
adotado nas estatais é uma garantia de não interferência política nas empresas
públicas. “Existe lei federal que, inclusive, dá regras muito claras de quem
pode ser, ou não, administrador da empresa. E uma mudança fundamental é que não
tem membros do governo no conselho da companhia. Hoje o conselho tem
uma independência grande, pessoas que vêm do mercado”, afirmou, referindo-se à
Lei das Estatais, de 2016.
Ele
destacou os anseios de governos devem se traduzir com a representatividade no
Conselho de Administração da empresa. “As decisões são dentro da diretoria,
dentro do Conselho de Administração. Não tem como nenhum ente do governo, o
próprio Presidente da República, como representante do povo brasileiro, tem
todo direto de perguntar alguma coisa, mas não tem como deliberar legalmente,
formalmente e de fato isso não acontece”, declarou ao participar do 5° Fórum
Anual de Corporates Brasil, promovido pela Fitch Ratings, na capital paulista.
O fórum
também contou com a participação do diretor presidente da Eletrobras, Wilson
Ferreira Júnior, que reafirmou que o modelo de privatização da companhia deve
ser anunciado em junho deste ano. A empresa vale, atualmente, R$ 50
bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo, conforme o diretor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário