TSE começa a julgar ação que pede a cassação
da chapa Dilma-Temer
André Richter - Repórter da
Agência Brasil
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a julgar, às 9h, a ação em
que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições
presidenciais de 2014. O julgamento é considerado o mais importante da história
do tribunal.
Mesmo com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o processo continuou e pode terminar com a convocação de eleições indiretas, presididas pelo Congresso, caso a chapa seja cassada. O rito será o mesmo utilizado na análise de outros processos, e a suspensão do julgamento por um pedido de vista ou para a concessão de mais prazo para a defesa se manifestar não está descartado.
Mesmo com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o processo continuou e pode terminar com a convocação de eleições indiretas, presididas pelo Congresso, caso a chapa seja cassada. O rito será o mesmo utilizado na análise de outros processos, e a suspensão do julgamento por um pedido de vista ou para a concessão de mais prazo para a defesa se manifestar não está descartado.
A sessão começará com a leitura do relatório, o resumo de toda a
tramitação do processo, pelo relator, ministro Herman Benjamin. Em seguida, o
presidente do TSE, Gilmar Mendes, passará a palavra aos advogados da
ex-presidenta Dilma Rousseff, do presidente Michel Temer e do PSDB. Após as
argumentações das defesas, o representante do Ministério Público Eleitoral
(MPE) apresentará parecer pela cassação da chapa, conforme adiantado na semana
passada pela imprensa.
Após todas as manifestações, a palavra volta para o relator, que deverá
analisar questões preliminares apresentadas pelos advogados antes de proferir o
voto. O ministro deverá se pronunciar sobre a aceitação da cassação e se as
contas de Temer podem ser julgadas separadamente, conforme pretende a defesa.
Em seguida, votam os ministros Napoleão Nunes Maia, Henrique Neves, Luciana
Lóssio, Rosa Weber, Luiz Fux e o presidente, Gilmar Mendes.
Em caso da cassação da chapa, o TSE deverá decidir se eleições indiretas
serão convocadas pelo Congresso. Ao decidir eventualmente pela cassação, o
presidente poderá continuar com os direitos políticos, ao contrário de Dilma,
que ficará inelegível por oito anos, por ser a mandatária da chapa.
Processo
Após o resultado das eleições de 2014, o PSDB entrou com a ação e o TSE
começou a julgar suspeitas de irregularidades nos repasses a gráficas que
prestaram serviços para a campanha eleitoral. Recentemente, Herman Benjamin
decidiu colocar no processo os depoimentos dos delatores ligados à empreiteira
Odebrecht, investigados na Operação Lava Jato. Os delatores relataram que
fizeram repasses ilegais para a campanha presidencial.
Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma
Rousseff e de seu vice, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas e por
unanimidade no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB
questionou a aprovação, por entender que há irregularidades nas prestações de
contas apresentadas por Dilma, que teria recebido recursos do esquema de
corrupção investigado na Lava Jato. Segundo entendimento do TSE, a prestação
contábil da presidenta e do vice-presidente é julgada em conjunto.
A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que
todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi
documentado e monitorado. A defesa do presidente Michel Temer sustenta que a
campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. De
acordo com os advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no
pagamento dos serviços.
Composição do TSE
O TSE é formado por sete ministros, dois oriundos do Supremo Tribunal
Federal, Gilmar Mendes e Luiz Fux; dois do Superior Tribunal de Justiça, Herman
Benjamin e Napoleão Nunes Maia Filho; e dois da advocacia, Luciana Lóssio e
Henrique Neves. Nos próximos dois meses, termina o mandato de Neves e Luciana,
que serão substituídos. O presidente Michel Temer já indicou para ocupar a vaga
de Henrique Neves o advogado Admar Gonzaga, mais votado na lista tríplice
enviada pelo STF.
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