“O QUE EU LEVO DA LIÇÃO É VIVER A VIDA”, DIZ
LATERAL DA CHAPECOENSE, EMOCIONADO
Do Brasil 247
Emocionado e usando uniforme da Chapecoense, o lateral Alan Ruschel,
concedeu sua primeira entrevista coletiva, na manhã deste sábado (17), na Arena
Condá, em Chapecó. O jogador deixou o hospital na tarde de sexta-feira (16),
sendo o primeiro dos quatro sobreviventes brasileiros a ter alta, 17 dias
após o acidente aéreo com o avião da Chapecoense, que deixou 71
mortos e seis feridos na Colômbia.
"Farei de tudo para voltar a jogar. Com muita paciência, farei de
tudo para dar muita alegria para esse pessoal aqui", disse o jogador, que
falou por cerca de 20 minutos. "Tava indo pra um jogo, tu não sabe o que
vai acontecer daqui a 10 minutos. O que eu levo da lição é viver a vida,
aproveitar a vida e fazer o bem. O que os médicos fizeram por mim durante esses
dias não tem explicação", disse ele, que chegou a ficar na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI).
Ele não se lembra do acidente. “Lembro de a gente chegando em Santa
Cruz de la Sierra, embarcando. Não lembro do voo. Não lembro do acidente.
Lembro depois da minha esposa Marina falando comigo lá no hospital.”
O jogador afirmou que trocou de lugar durante o voo. "Eu estava
sentando mais pra trás e o Cadu [diretor da Chapecoense que morreu no acidente]
pediu pra eu sentar mais na frente pros jornalistas sentarem no fundo",
acrescentou.
O lateral chorou novamente ao recordar que o goleiro Follmann, também
sobrevivente, insistiu para que viesse se sentar ao lado dele.
Volta
para casa
O lateral falou sobre a volta para casa. “Poder dormir com a minha
esposa, ver meu cachorro, minha mãe. Todo mundo em casa. É uma sensação única,
não tem explicação”. “A primeira coisa que pedi para comer foi feijão,
arroz a bife acebolado [quando chegou a Chapecó]. Foi muito bom”.
Alan disse que pode
estar de volta aos gramados em seis meses. "Falei com o Mendonça [médico
da Chapecoense] na Colômbia que eu queria voltar antes, mas o Mendonça falou
que precisava calcificar a coluna, que daria mais três meses e mais com
fisioterapia e trabalho ele via grandes chances de voltar. Eu fiz as minhas
contas. Calculei três meses para calcificar, já passou um, quase 20 dias, mais
dois ou um mês e meio para fortalecer a coluna e mais uns três meses para
recuperar a massa, que estou só na 'capa do grilo' agora", acrescentou.
Quadro clínico dos
demais sobreviventes
O goleiro Jackson Follmann deve ser transferido para Chapecó neste
sábado (17), segundo boletim médico do Hospital Albert Einstein, em São
Paulo. Ele foi submetido a uma cirurgia na coluna na terça-feira (13), e os
exames realizados nessa sexta-feira (16) mostraram que ele não tem infecção.
Segundo o novo boletim médico do hospital, "o paciente Jackson
Follmann realizou exames laboratoriais que demostram ausência de infecção
ativa. A tomografia computadorizada da coluna cervical realizada nesta
sexta-feira (16) demonstra o bom posicionamento da fixação da vértebra C2, além
de alterações consideradas normais no pós-operatório".
Estão no hospital Unimed de Chapecó o jornalista Rafael Henzel e
o zagueiro Neto, que chegou na noite de quinta-feira (15). No caso do
jornalista, os médicos trabalham em uma ferida no pé esquerdo, na manutenção da
fisioterapia respiratória e motora. A previsão de alta é segunda-feira (19).
O zagueiro Neto usa antibióticos para tratar uma lesão no tornozelo
esquerdo e faz fisioterapia respiratória. Não há data provável de alta.
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