Maranhão, centro espacial do mundo
Por José Sarnei - g7ma - A viagem do Presidente Jair Bolsonaro aos Estados
Unidos consolidou o nosso sonho de ver Alcântara como um dos grandes centros
espaciais do mundo.
Quando, em 1980, iniciaram-se os estudos para a
Missão Espacial Completa Brasileira, criada em 1979, eles incluíam a
localização de nova base de lançamentos de foguetes, satélites e monitoramento
de naves espaciais. Era Ministro da Aeronáutica Délio Jardim de Matos, meu amigo,
que me disse que Alcântara, no Maranhão, estava entre os possíveis locais.
Suas condições técnicas eram imbatíveis. Mais tarde o Brigadeiro Délio me
procurou para dizer que tinha batido o martelo e Alcântara tinha sido
escolhida.
Em 1º de março de 1983 foi criado formalmente o
Centro de Lançamento de Alcântara. Era a vitória da nossa batalha. Devemos
fazer justiça ao Governador João Castelo, que ofereceu todo o apoio do Estado
para sua construção.
Presidente da República, pude efetivar o esforço de
implantação, e, em 21 de fevereiro de 1990, num dos meus últimos atos de
governo, inaugurar as instalações do seu centro de operações e assistir ao
lançamento de um foguete meteorológico. Foi com orgulho que apertei o
botão para que subisse em céus do Maranhão. Destinei, como Presidente, os
maiores recursos de nossa História ao nosso sonho espacial.
Alcântara foi escolhida. Na minha cabeça eu já via
o Maranhão tendo um ITA e rivalizando com Cabo Canaveral e Kourou. Daí em
diante, só tivemos decepções.
Em minha visita oficial
à China, em 1988, fizemos um convênio de cooperação espacial, no qual
estava previsto um programa de lançamentos conjuntos: os chineses lançariam um foguete em Alcântara e nós,
um satélite em seu similar, o deserto de
Gobi. Infelizmente, no Brasil,
um governo não dá continuidade ao que o outro fez, e Alcântara ficou no
esquecimento. Depois, com lágrimas e lamento, fui enterrar os corpos das
vítimas da explosão do foguete brasileiro VLS-1 V03, cujo fracasso enterrou o sonho
nacional de um programa próprio do CTA. Com Lula, demos um suspiro
tentando um acordo com a Ucrânia, que foi uma perda de tempo e um fracasso
completo.
Alcântara renasce agora, com o
acordo firmado com os Estados Unidos, e vamos retomar o sonho de lançar foguetes,
satélites e participar da aventura espacial do mundo. Ficar contra esse acordo
seria um crime contra o Brasil, que não teve, e não tem, recursos para realizar
esse sonho. Esse acordo nos dá a oportunidade de sermos referência mundial de
tecnologia de ponta e de a nossa juventude entrar na modernidade.
Saudemos a ressurreição de
Alcântara. Ela pode ser um grande passo para aumentar o patamar de
desenvolvimento do Maranhão e participarmos do Futuro.
Artigo escrito pelo ex-presidente José Sarney, responsável por implantar o CLA de Alcântara-MA - Fonte/g7ma
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