Inhotim vai ajudar na recuperação de Brumadinho
Por Cristina
Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - O Instituto Inhotim, o maior
espaço cultural ao ar livre da América Latina, vai participar da recuperação de
Brumadinho. Instalado na cidade há 12 anos, o museu vai poder colaborar, entre
outros projetos, com o reflorestamento da região.
Fechado
desde o dia 25 de janeiro, quando ocorreu o rompimento da barragem
Mina Córrego do Feijão, o museu reabre hoje (9) com entrada
gratuita para homenagear a população da região e os funcionários atingidos pela
tragédia. Na cerimônia, haverá ainda um minuto de silêncio.
O diretor
executivo do Inhotim, Antonio Grassi, disse que o instituto já desenvolve um
trabalho na área ambiental e, a partir do Departamento de Jardim Botânico,
poderá atuar tanto no cultivo de sementes quanto no de mudas do próprio
viveiro.
“O Inhotim tem uma conexão muito grande com a
região que pode ser muito importante no momento seguinte, quando a gente for
tratar de áreas de reflorestamento. Certamente aqui vai precisar”,
destacou em entrevista à Agência Brasil.
Projetos
sociais
Outra
área de atuação do Inhotim poderá ser na extensão dos projetos sociais que já
são desenvolvidos pela instituição, como a Escola de Cordas, que recebe jovens
da região e deu origem à Orquestra de Cordas.
Além
disso, tem o laboratório que trabalha também com jovens na conexão com outras
instituições artísticas culturais do mundo. “Esse é um dos projetos
bem-sucedidos em Inhotim que tem boa conexão com a região”, afirmou.
Jovens de
Brumadinho têm a oportunidade de atuar em museus como o Tate, em
Londres; o New Museum, em Nova York, e o Museu de Arte
Latino-Americana de Buenos Aires (Malba). “É um projeto que temos
muito apreço por ele, porque esses jovens começam a enxergar e vislumbrar nas
suas carreiras e profissões outras possibilidades”, indicou.
Recuperação
de Brumadinho
Segundo
Grassi, ainda não há o desenho pronto de como serão as atividades que o
instituto poderá desenvolver para a recuperação de Brumadinho, porque a
tragédia é recente. Ele não afastou a possibilidade de, além das questões
ambientais e educativas com os jovens, a instituição trabalhar em outras áreas.
“Temos um
trabalho grande junto a comunidades quilombolas aqui da região. Isso tudo a
gente entende como um conjunto de coisas que certamente vai trazer um efeito na
construção desse lugar de volta”, disse.
Funcionários
Desde quarta-feira
passada, os empregados do instituto participam de uma programação voltada para
acolhimento e bem-estar, com meditação, ioga, exibição de filmes e rodas de
conversa.
“A
preparação desses funcionários para a reabertura do Inhotim não é simplesmente
técnica operacional, também passa por trabalhar o espírito dessas pessoas. É
nesse sentido que estamos trabalhando agora”, ressaltou o diretor.
Para
Antonio Grassi, um fator importante para entender a conexão do Inhotim com os
empregados é que a maioria é da região e tem o Instituto como seu primeiro
emprego. “É um detalhe muito relevante”.
Segundo o
diretor, no trabalho de acolhimento que o instituto está fazendo, os
funcionários que perderam parentes ou têm entre os desaparecidos pessoas
próximas não são obrigados a voltar ao trabalho hoje. De acordo com ele,
a maioria informou, entretanto, que quer estar logo lá. “A
grande maioria quis estar, porque é uma forma também de continuar
vivendo”, disse.
Os
funcionários recebem também um acompanhamento psicológico. “Estamos trabalhando
para dar assistência psicológica a esses funcionários e às suas famílias.
Começamos com isso tão logo veio a tragédia e estamos atuando agora de uma
maneira mais consistente. Tem sido um trabalho muito efetivo e temos visto que
estamos avançando muito, nessa prioridade que é o atendimento aos seus
funcionários e suas famílias”, completou.
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