Feira Nacional da Reforma Agrária prossegue até amanhã em São Paulo
Por Camila
Maciel – Repórter da Agência Brasil São Paulo
Da Agência Brasil - Prossegue
até domingo (6), no Parque da Água Branca, zona oeste paulistana, a 3ª edição
da Feira Nacional da Reforma Agrária. Cerca de 900 agricultores de 23 estados,
além do Distrito Federal, oferecem mais de 1,2 mil produtos oriundos de
assentamentos e acampamentos do país.
“Castanha
de caju, coco, farinha de mandioca, mamão, banana, abóbora, doce de leite, doce
de caju, melado, rapadura. Isso é só um pouco da diversidade da produção
no Ceará”, informou o agricultor Messias Bezerra, do setor de produção do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Feira da
Reforma Agrária conta com a participação de mais de 900 agricultores - Valter
Campanato/Agência Brasil
Assim
como a barraca cearense, produtos característicos de todas as regiões do país
são oferecidos na feira. O cacau veio da Bahia, o açaí foi trazido do Pará e o
pinhão não falta nas tendas dos estados do Sul. Além da diversidade, o
movimento traz como proposta a produção de alimentos saudáveis, sem uso de
agrotóxicos.
“Isso não
pode ser privilégio de quem tem poder aquisitivo. Entendemos que o Estado
brasileiro precisa subsidiar a agricultura, como é feito em todo o mundo, para
que todos possam comer alimentos saudáveis, de qualidade, sem veneno”, defendeu
Débora Nunes, da direção nacional do movimento.
A
educadora Rosângela Rosa, 54 anos, soube do evento pela televisão. Ela costuma
frequentar a feira de orgânicos no Parque da Água Branca, mas diz ter ficado
impressionada desta vez com a quantidade de alimentos.
“Muita
variedade, gente de todos os estados, tudo organizado e os produtos são diferentes
do que a gente tem aqui em São Paulo”, relatou. Tapioca, banana da terra,
limão, hortaliças já estavam na sacola da educadora. “Também estou de olho nos
artesanatos. Já vi ali as barracas com colares”, ressaltou.
O
veterinário Floriano Barciela, 54 anos, veio de Sorocaba para participar da
feira pela segunda vez. Ele é agricultor orgânico há dois anos.
“Venho
conversar, fazer contatos e comprar alguma coisa. Estou há pouco tempo nisso
[agricultura], cerca de dois anos, então ainda não tenho muita informação para
passar. Vou adquirindo mais conhecimento para depois repassar para outras
pessoas”, apontou. Durante a feira, além do diálogo direto com os agricultores,
é possível trocar ou comprar sementes e mudas.
Culinária
Para
Débora Nunes, a feira é um momento de encontro entre o campo e a cidade e a
possibilidade de compartilhar diversos aspectos da vida rural, como as
experiências de práticas de saúde com cuidados tradicionais, apresentações
culturais, culinária e artesanato.
“Trazemos
outras dimensões do campo e quem não conhece acampamento e só sabe o que passa
nos grandes meios de comunicação não consegue visualizar os sem-terra. Aqui é
essa possibilidade.”
Um dos
espaços de destaque é a Culinária da Terra, com 18 cozinhas com cerca de 50
pratos característicos de cada estado do país: ventrecha de pacu, entrevero de
pinhão, carreteiro, arroz de pequi e bode são alguns que podem ser degustadas.
“É um
espaço em que a gente demonstra na prática como é a nossa vivência nos
acampamentos e assentamentos, levando em consideração a questão cultural dos
estados e das regiões e oferecendo alimentos saudáveis”, disse Elizabeth Rocha,
do setor de produção do MST no Nordeste, que coordena a área de culinária do
evento.
Regina da
Costa, 42 anos, é assentada há 20 anos na cidade de Estreito no Maranhão. Na
barraca do estado é possível experimentar o arroz de cuxá, um prato típico
maranhense.
“É uma
planta que nasce muito no nosso estado e é bem azedinha. Ela é conhecida também
como hibisco e vinagreira. A gente refoga a folha um pouquinho, mistura junto
com camarão, refoga no alho com azeite de coco e arroz branquinho”, descreveu.
A
agricultora, que é formada em Agronomia, explica que o cuxá nasce
espontaneamente e é muito aproveitado pelas famílias sem terra também na forma
de creme e que a planta possui importantes propriedades. “É rico em ferro e é
também diurético.”
Programação
A Feira
Nacional da Reforma Agrária conta ainda com atividades culturais e seminários.
Neste sábado (5), o dirigente nacional do MST João Pedro Stedile e a chef Bel
Coelho participam da Conferência Alimentação Saudável, um direito de todos e
todas, a partir das 10h. A partir das 16h30, haverá shows com a cantora Ana
Cañas, o cantor Otto e a banda Ilê Aiyê.
No
domingo (6), será a vez de Martinho da Vila e da bateria da escola de samba
carioca Paraíso da Tuiuti. Ao longo, dezenas de grupos culturais animam o
evento que tem entrada gratuita.
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