Dia do Idoso: envelhecer
com qualidade de vida é possível
Por Pedro Peduzzi -
Repórter da Agência Brasil - Instituído pela Organização das Nações Unidas
(ONU), o Dia Internacional do Idoso (hoje, 1º de outubro) é uma oportunidade
para que as pessoas lembrem que a idade chega para todos, e que, com ela, novas
dificuldades surgirão. Especialistas consultados pela Agência Brasil, no entanto, garantem: é possível
envelhecer com qualidade de vida.
Segundo o
médico geriatra e diretor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (SBGG) Renato Bandeira de Mello, qualidade de vida é algo
subjetivo: depende da percepção do indivíduo sobre o que é felicidade.
Mas, em
termos gerais, acrescenta o geriatra, qualidade de vida na velhice está
associada a vida ativa: a busca por hábitos saudáveis como atividade
física, alimentação saudável; e a manter a mente estimulada com novas
atividades. Outro fator associado à qualidade de vida na terceira idade são as
relações sociais.“Isso significa contato com a família, amigos e colegas de
trabalhos”, resume Mello.
Família
O papel
da família para a qualidade de vida do idoso, além de relevante, está previsto
em leis. “Mais do que um papel, os familiares têm obrigação com os idosos.
Isso, inclusive, é respaldado pelo Estatuto do Idoso”, explica o diretor da
SBGG.
Nesse
sentido, o estatuto prevê que a família se envolva nos cuidados e na proteção
do idoso, “respeitando os seus limites e a autonomia a fim de não o cercear de
suas liberdades e desejos”, acrescenta Mello.
Coordenadora-geral
do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, Eunice Silva destaca ser o ambiente
familiar o que registra a maioria das violações de direitos da pessoa idosa.
Segundo ela, entre os fatores que resultam em enfermidades, quedas, demência e
internamentos prolongados estão a violência doméstica, os maus tratos e o
abandono.
“É
obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar
ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade
e dignidade, ao respeito e às convivências familiar e comunitária”, argumenta a
coordenadora do conselho que é vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos (MMFDH),
Sociedade
De acordo
com o médico geriatra e diretor da SBGG, no caso de idosos doentes que precisam
de cuidado especial, além do apoio familiar é necessário o apoio da sociedade,
que precisa estar atenta também às próprias mudanças que acontecem ao longo do
tempo.
“Há que
se pensar que, no futuro, os núcleos familiares serão menores. Precisaremos
encontrar meios para construir uma sociedade que possa cuidar do idoso”, disse
ao lembrar que a qualidade de vida dos idosos depende, ainda, de
infraestruturas e de relações que enxerguem esse público não apenas como
consumidor, mas como potencial colaborador.
“Bancos,
lojas, mercados, transportes e outros serviços e estabelecimentos precisam
buscar formas de inclusão, não apenas como consumidor, mas também como força de
trabalho”, disse ele à Agência Brasil.
Políticas
Públicas
Estar
antenado com relação às políticas públicas pode ajudar a melhorar a qualidade
de vida do idoso. No âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (MMFDH), Eunice Silva destaca o Programa Viver – Envelhecimento Ativo e
Saudável.
“Ele
representa a aplicação, na prática, do Estatuto do Idoso”, explica a
coordenadora, referindo-se ao documento que preconiza o envelhecimento como um
“direito personalíssimo”, e que sua proteção representa um direito social.
Segundo
Eunice, em 2019 a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da
Pessoa Idosa (SNDPI) tem atuado no sentido de levar, a capitais
e municípios mais distantes, a inclusão na tecnologia digital para as pessoas
idosas.
Na
avaliação da coordenadora, esse tipo de tecnologia, que vem sendo
disponibilizada pelo Programa Viver, representa um “instrumento libertador e
emancipatório, voltado à autonomia e à ampliação dos limites da convivência
familiar, da educação, da saúde e da mobilidade física”.
“A meta é
implantarmos 100 programas no ano de 2019. O Programa Viver conta com 202
municípios cadastrados”, explica Eunice. Para ter acesso ao programa
nos municípios já implantados, basta aos idosos se cadastrarem nos centros de
acolhimento do programa.
A SNDPI
informa que tem atuado também para equipar e fortalecer os Conselhos de
Direitos Municipais da Pessoa Idosa, por meio da capacitação de conselheiros no
Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos, na modalidade de
Ensino a Distância (EAD).
Saúde
Entre as
políticas públicas ofertadas pelo Ministério da Saúde (MS) aos idosos está a
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que é oferecida gratuitamente a este
público. Mais de 3 milhões de cadernetas foram entregues a municípios em 2018.
De acordo
com a pasta, essa caderneta passou por algumas atualizações, que permitem
melhor conhecer as necessidades de saúde dessa população atendida na atenção
primária, de forma a melhor identificar o comprometimento da capacidade
funcional, condições de saúde, hábitos de vida e vulnerabilidades.
A
caderneta apresenta, ainda, orientações relativas alimentação saudável,
atividade física, prevenção de quedas, sexualidade e armazenamento de
medicamentos.
Em outra
frente de ações – neste caso voltada a profissionais de saúde e gestores,
ajudando-os na tarefa de melhorar a qualidade de vida dos idosos – o MS
disponibilizou o aplicativo Saúde da Pessoa Idosa. Ele pode ser obtido
gratuitamente por meio do Google Play.
Estatísticas
Dados
apresentados pelo Ministério da Saúde apontam que atualmente, os idosos
representam 14,3% dos brasileiros, o que corresponde a 29,3 milhões de pessoas.
Segundo o
Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) divulgado em
2018, 75,3% dos idosos brasileiros dependem “exclusivamente” dos serviços
prestados no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo o levantamento, 83,1%
realizaram pelo menos uma consulta médica nos últimos 12 meses.
Tendo por
base dados obtidos por meio da Pesquisa Nacional de Saúde, o MS informa que
24,6% dos idosos tem diabetes, 56,7% tem hipertensão, 18,3% são obesos e 66,8%
tem excesso de peso.
As
doenças do aparelho circulatório são a principal causa de internação entre
idosos. Em 2018, foram 641 mil internações registradas no Sistema Único de
Saúde (SUS) de pacientes acima de 60 anos.
Acidentes
De acordo
com a SBGG, as principais causas de mortes acidentais de idosos são
atropelamento e quedas, o que, segundo seu diretor, pode levar a consequências
diretas, como lesões e fraturas, e indiretas, como medo de cair e isolamento
social, entre outros.
“A maior
parte das quedas da própria altura ocorrem em casa por falta de adaptação do
ambiente, excesso de obstáculos, falta de barras de apoio, presença de piso sem
antiderrapante e que são perigos contínuos na vida do idoso”, acrescenta o
médico geriatra.
A fim de
prevenir esse tipo de acidentes, que podem resultar em fraturas, traumatismo
craniano, contusão muscular e, principalmente, o medo de cair novamente, o
Ministério da Saúde listou uma série de dicas aos idosos (veja abaixo).
Fonte/Agência Brasil